Adoro novelas com a temática espiritualista. E quando vi que "Alma Gêmea" voltaria no "Vale a pena ver de novo", eu falei pra mim mesmo: fatalmente assistirei pela terceira vez. Mas o que é algo que já era esperado, está sendo um sucesso repleto de picos em audiência.
Não se sabe se é verdade, mas algumas notícias na imprensa dão conta que a Globo teria, como processo, parar de produzir novelas com a temática, por consequência da intolerância religiosa e pelo conservadorismo que permeiam religiões que estão em ascensão no país.
Alma Gêmea é uma novela genial. Ela mescla um espiritismo "fantástico", contos clássicos -- como a Gata Borralheira, a Bela e a fera -- e peças medievais, no caso consigo ver na cena trágica da morte dos protagonistas, algo inspirado em Shakespeare, Romeu e Julieta. Digo espiritismo fantástico porque nem sempre reflete o dogma espírita, como o caso da personagem Luna/Serena, em que há críticas sobre a impossibilidade, pela doutrina Kardecista, de um espirito reencarnar instantaneamente após o desencarne.
Eu aqui não critico a obra, jamais, porque entendo que há aí a liberdade criativa, a liberdade poética do Walcyr Carrasco em criar uma atmosfera ainda mais lúdica e encantadora. Acredito que isso faz mais ainda interessante para obra não ser somente didática, mas permear a inspiração do seu autor.
Nesta terceira semana de maio, a novela chegou a bater 22 pontos de audiência no Rio de Janeiro. Em São Paulo, 17 pontos. Ibope de novelas do alto horário nobre.
Isso por si só já demonstra que a ideia de que novelas que tenha um nicho, principalmente espiritualista, não estejam ainda em voga. As maiores bilheterias do cinema são em sua maioria nesta vertente, a exemplos o filme Nosso lar, 1 e 2. E classicamente, o incansável em reprises em TV aberta, Ghost - Do Outro Lado da Vida.
Eu particularmente acredito que o interesse por novelas e filmes com a temática vão se cada vez maior. A Viagem por exemplo, é sucesso 30 anos após o lançamento, tendo sua quinta exibição na TV.
Mas falando de "Alma Gêmea", o elenco também, além do texto primoroso, é um ponto crucial de maestria na escalação. É invejável o primor da seleção. Não há uma falha na escalação que a comprometa em absolutamente nada. Os temas sociais da época também merecem destaque. O preconceito racial, tanto entre as personagens indígenas, quanto negras, como é o caso da personagem interpretada pelo Priscilla Fantin, André Gonçalves, e Aisha Jambo.
Para continuar o sucesso de audiência depois Alma Gêmea, somente outra novela teria esse poder de crescer audiência da Globo no horário. Vale a aposta em "A Viagem". Seria a chave de ouro para brindar os 30 anos de estreia em um horário nobre na TV Aberta.
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