por Bárbaro Xavier
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Transição de carreira é algo que está na moda. Falar sobre como um profissional migra para outra função ou ofício, às vezes, muito diferente da que ela está atuando.
Mas a questão vai muito mais além de uma “mudança de hábito”. Não sei se vocês se pegam pensando nisso, mas eu sempre vejo hoje em dia é que as pessoas estão cansadas de serem levadas pelo simples andar de uma carruagem, sem poder guiar, sentir um pouco o vento que dá no rosto, sair da rota ou do script que é traçado, sem ao menos ser consultado para isso...
Ao meu ver, as pessoas estão se descobrindo capazes de arriscar e arriscar com gosto, isso é o que é mais incrível. A castração ou a doutrinação ou o peso que o conforto dá, parece que está precisando ser esvaziado e todos estão sendo meio guiados pelos seus ouvidos internos.
Tudo que não há uma ponderação vai ao extremismo, mas o que eu falo aqui é sobre soltar o despertador que martela de manhã sem sentir que está perdendo um dedo, ou deixando de ganhar ou perder.
As pessoas hoje parecem que refletem sobre como é bom poder viver, viver no trabalho...
é porque tem gente que de segunda a sexta, no horário comercial não vive, apenas segue o fluxo de caixa que no final do mês vai lhe dar o mínimo do suficiente para aguentar mais 10 ou 11 meses para viver 30 dias de férias em um lugar mais longe possível da sua realidade de tanto corre... e corres, e não sair do lugar...
Sem falar que as poucas horas da sexta à noite, são sagradas para lavar a alma com drinks e comes e bebes. Ela se prolonga até o final do “Fantástico” domingo à noite.
Não quero falar de coisas que nos deprimem, não! Quero falar de como estamos procurando uma nova redenção para com a gente mesmo. Com a nossa essência, o que nos faz diferenciados, o que nos faz rir de simples ser isso, que somos.
Essa conexão é cada vez mais possível, acredito. A conexão com os seus sonhos e principalmente: os seus desejos. Porque sonhar todo mundo é capaz de sonhar, mas de desejar, conversar isso, são alguns.
Um salário é muito bom, faz bem, traz conforto, traz uma sensação. Mas além dele, o que causa em você, o seu trabalho...? Ele começa e finda no seu salário, ou ele nem começa ou termina nele?
Não quero romantizar aquilo que fala: “trabalhe com o que goste e nunca trabalhe”... também não é isso.
O trabalhar com o que gosta também causa medo, angústia, dói, chega até a sangrar por dentro...
Mas existe algo que faz você querer mesmo assim, porque não são só suas mão ou seus pés, ou sua massa cerebral que trabalham, mas a sua alma também entra na jogada e faz vários shows com essa bola que perpassam um campo vasto de possibilidades.
Nas barreiras deste campo tem uma torcida contra e a favor. Uma que curte, faz olé, outra que passa sua postagem de vitória torcendo a cara e o dedo.
Mas tudo isso faz parte... Faz ponte, faz o caminho entre folhas secas, ou entre tapetes.
Não existe dica. Existe uma ação de coragem. “Quando o discípulo está pronto o mestre aparece”, é aquilo mais forte ainda, da coragem.
Quando o discípulo está pronto não é porque ele está pronto e finalizado, não! Isso quer dizer simplesmente que ele está com coragem, a mínima – o bastante – para aprender a fazer diferente e procurar melhorar, mudar, respirar quando algo parece sufocar.
E nesse papo aqui, o melhorar é nada mais do que ouvir seu coração pulsar, ao invés de ouvir apenas a caixa registradora fazer o barulho estridente das moedas ao revirar…
Tem muita gente que diz: "Isso não vai dar certo, num vai dar dinheiro". Mas o que o seu coração diz? Ele diz que você poderá ser feliz? Então… eu acredito muito mais no seu coração do que nesses montes de CPFs que falam como CNPJs.
E esquecer que para vir para cá, não foi para jogar como competição, mas para seguir um rumo que possa ser útil para você chegar a algo mais sublime no final dessa jogada chamada de: Viver a VIDA.
Francisco Julio BÁRBARO XAVIER é ator, apresentador e jornalista.
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